Maria Luiza d´Orey
Lacerda Soares
e
Diva Mello
|
|
São 20.000 volumes,com
especial enfoque para o período Brasil-Holandês, e
obras que são verdadeiras preciosidades, a Biblioteca possui uma seção de
cartografia e gravuras. Incorporados também os acervos do professor historiador
José Antônio Gonsalves de Mello Neto e do
documentarista Edson Nery da Fonseca e do escritor musicólogo Padre Jaime
Cavalcanti Dinis-arquivo de música colonial.
José
Antônio Gonsalves de Mello Neto
José Antônio Gonsalves
de Mello Neto nasceu no Recife, em 16 de dezembro de 1916. Era filho do médico
Ulisses Pernambucano de Mello e primo do sociólogo Gilberto Freyre. Obstinado
pelos estudos históricos e raízes pernambucanas desde a adolescência buscou
aprimorar estudos no inglês, francês, espanhol, alemão e holandês; bem como
aprendeu paleografia e técnicas de leitura de documentos antigos. Considerado um dos grandes
historiadores brasileiros e o maior especialista nos estudos do Período
Holandês no Brasil. Fez seus estudos secundários no Ginásio Pernambucano, em
Recife e no Anglo-Brasileiro, no Rio de Janeiro, no período de 1928 a 1933. Em 1930 escreve
seu primeiro trabalho para o jornal “A Província”, uma monografia sobre Fridtjof Nansen, um explorador
norueguês. Foi convidado por Gilberto Freyre em 1933 para fazer pesquisas
históricas para o livro em formação deste, “Casa-Grande & Senzala” no
Arquivo Público do Recife. Participou em 1934 do I Congresso Afro-Brasileiro do
Recife, apresentando um trabalho sobre “A situação do negro sob o Domínio
Holandês”. Em 1935, aconselhado por Gilberto Freyre, segue o exemplo de tantos
outros que se dedicam a nossa história, iniciando seus trabalhos no jornal
“Diário de Pernambuco”, escrevendo um artigo sobre o transcurso do 4º
Centenário da chegada de Duarte Coelho a Pernambuco. Em 1936 foi funcionário do
Instituto de Previdência e Assistência aos Servidores do Estado (IPASE) no Rio
de Janeiro. Em 1937 bacharelou-se em Ciências Jurídicas
e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife. Em 1938, para tornou-se
assistente de Gilberto Freyre no curso deste na Columbia University
em Nova York,
nos EUA. Em 1940, no Rio de Janeiro, juntamente com refugiados holandeses e com
o historiador José Honório Rodrigues, criou o Instituto Brasil-Holanda. Em 1943
torna-se sócio e posteriormente presidente do Instituto Arqueológico, Histórico
e Geográfico Pernambucano. Recebe em 1949 de Gilberto Freyre mais um convite,
para torna-se presidente do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais
(hoje, Fundação Joaquim Nabuco). Em 1953 foi professor catedrático de História
da América, de Paleografia e de História do Nordeste, na Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE); e diretor do Instituto de Ciências do Homem, da mesma
Universidade até se aposentar. Em 1957 recebe o titulo de privaat
docent da Universidade Governamental de Utrecht na Holanda, e entre o período de 1957 a 1958 foi encarregado
de missão de pesquisa histórica pela UFPE, em Portugal, na Holanda, na França,
na Inglaterra e na Espanha. Entre 1971 a 1947 torna-se membro da Academia
Pernambucana de Letras (APL) e da Academia Portuguesa de História. Além de
publicações em revistas especializadas, constam de sua obra 35 livros sobre
assuntos históricos. Escreveu: Tempo dos Flamengos, que foi traduzido
para o Holandês; João Fernandes Vieira; Um Mascate e o Recife; Universidade
do Recife e a Pesquisa Histórica; Três Roteiros de Penetração do
Território Pernambucano; O Diario de
Pernambuco e a História Social do Nordeste; A Rendição dos Holandeses no
Recife; História do Brasil Holandês; A Economia Açucareira; A
Administração da Conquista; Gente da Nação: Cristãos-Novos
e Judeus em Pernambuco 1542-1654. Traduziu do Holandês: Adriaen
van der Dussen (Relatório
sobre as Capitanias Conquistadas no Brasil); Adriaen
Verdonck e Adriaen van Bullestrate. Dois
Relatórios Holandeses (1630 e 1642). Recebeu os prêmios José Hygino e Joaquim Nabuco, da APL; era oficial da Ordem de
Cristo (Portugal) e da Ordem de Orange-Nassau
(Holanda). Foi responsável pela pesquisa que identificou, na Rua do Bom Jesus,
no Recife, a primeira sinagoga das Américas, a Kahal Zur Israel. No lugar, recuperado, foi instalado, em 2002, o
Centro Cultural da Comunidade Judaica do Recife, onde também funciona o Arquivo
Histórico Judaico de Pernambuco. Morreu no Recife, em 07 de janeiro de 2002.
Por Raquel Hermínia
Gouveia
Fotos Maria Luiza d´Orey
Lacerda Soares
Colaboração Ricardo Rodrigues